terça-feira, 23 de julho de 2013

Questões na JMJ: será inútil rezar e ver o Papa?

"Se os vícios humanos como ganância ou inveja são sistematicamente cultivados, o resultado inevitável é nada mais do que o colapso da inteligência. Um homem levado pela ganância ou pela inveja perde a capacidade de ver as coisas como realmente são, de ver as coisas em sua completude e circularidade, e o seu sucesso se torna fracasso. Se toda a sociedade for infectada por esses vícios, ela pode realmente conquistar coisas espantosas, mas será cada vez mais incapaz de resolver os mais elementares problemas da existência." E.F. Schumacher, Small is Beautiful

Um dos vários "-ismos" que nos corrompem nos dias de hoje é o utilitarismo, associado normalmente ao materialismo, consumismo e hedonismo. Uma coisa só serve se for útil, e ser útil é trazer, em última instância, riqueza, dinheiro, prazer. Até mesmo propósitos tão elevados como educação, saúde, são avaliados sob o prisma do "curtir a vida". Afinal, eu só estudo para arrumar um bom emprego e ter um salário melhor, comprar coisas boas e preciso de saúde para aproveitar o momento.

Daí, um evento que movimenta milhões de pessoas de todas as partes do mundo para ouvir um senhor de idade proclamar que todos são filhos amados de Deus e sua dignidade é intrínseca a esse fato, não pode ser entendido pelos padrões da utilidade. Parece inútil rezar a um Deus que potencialmente não existe e parar uma metrópole para receber um chefe de estado. Chefe de estado esse que goza de prestígio flagrantemente invejado pelos políticos, que professam sua religião estatista que nos decepciona sistematicamente, que se veem obrigados, não por força de lei, mas por força da verdade, se curvar àquele que não traz "ouro nem prata, mas o que tenho de mais precioso, Jesus Cristo".

Tal visão utilitarista é míope, não quer saber e não consegue entender que abrir sua casa para um estranho e conhecer realidades de além-mar, sacrificar-se pelo outro, sem ter nenhuma obrigação de fazer isso, se esforçar para entender línguas estranhas, rostos estranhos, culturas estranhas, nos torna menos estranhos. A caridade nos torna melhores, porque é ela que, em última instância, como mãe de todas as virtudes, no faz vencer todos os vícios. A caridade, muitas vezes traduzida por amor, não é qualquer amor, mas o amor incondicional, o amor gratuito dos filhos de Deus, o amor que não é possível para quem cultiva a ganância e a inveja.

A sociedade que não se render à caridade, está fadada ao fracasso. Isso não aprendi nos livros, mas no testemunho de meus novos amigos franceses e escoceses/poloneses, que dizem: "A Europa está morrendo. As pessoas não querem ter famílias, não querem ter filhos, não querem saber de Deus."

Enfim, se não é "útil" para os jovens gastar suas energias buscando o sentido para a própria vida, sua própria vida será inútil. 

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