segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Brasil não precisa de "controle de natalidade"

Não, não é uma afirmação gratuita, nem baseada só em convicções filosófico-religiosas. A informação é do próprio governo. (O interessante é que quando escrevia esse artigo, Papa Francisco tocou no tema). Não precisa muito para os anacrônicos malthusianos voltarem à tona. Como o Brasil é atrasado. Na Europa, a queda da natalidade é um problema seriíssimo. Os governos se esforçam para incentivar as mulheres a terem filhos. Aqui, ainda achamos que é uma evolução enorme trocar as crianças pelos bens materiais, pelo conforto além do necessário.

Pois bem, o IPEA, em seu relatório baseado no último censo do IBGE, alerta para as consequências da queda da taxa de natalidade na população brasileira. "Muita gente fala em controle da natalidade, mas a verdade é que a visão de que as brasileiras têm muitos filhos é equivocada. A opinião pública tem uma percepção distorcida da realidade." Ana Amélia Camarano, pesquisadora do IPEA.

Resumidamente, será um problema econômico. As mulheres brasileiras têm menos que dois filhos, em média. Seguindo nesse ritmo, vamos diminuir nossa população a ponto de faltarem trabalhadores. A ponto de todos terem que trabalhar cada vez mais para se aposentar, pois não há sistema que aguente. Um "resumo maior" pode ser conferido aqui.

Hoje é quase uma afronta dizer a uma mulher que ela deveria ter mais que um filho. Enquanto isso, vamos morrendo de tão gordos. E então, vamos fazer o quê? Trazer pra cá, como na Europa, os muçulmanos, que se reproduzem como coelhos? Os médicos cubanos? Daí, vamos pensando, com Drummond, um dia vamos dizer: "E acaso existirão os brasileiros?"

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O maior ídolo da juventude é a juventude



A primeira noção de ídolo e idolatria que todos temos é aquela que a Bíblia nos conta, do povo judeu que fez para si uma escultura e começou a prestar culto a ela, provocando a fúria de Moisés. O exemplo clássico de desobediência ao primeiro mandamento da lei mosaica é muito claro e evidente - colocaram uma outra coisa qualquer no lugar de Deus. Daí para percebermos quem eram os ídolos nas sociedades que endeusavam seus imperadores não é muito difícil. Os conflitos entre as religiões que aceitam imagens e as que não aceitam vêm se arrastando por séculos.

Na sociedade atual, muito se fala de ídolos, do esporte, da música, da política. Os ídolos são propostos como modelos a serem seguidos, de uma maneira implícita. É quase um pecado estar alheio a eles, não ter uma opinião sobre o artista tal, sobre o esportista xis. Mas, não são eles os ídolos atuais.

A ideia que está por trás de toda a idolatria moderna é a ideia de renovação constante. Pode parecer estranho, mas é porque nos acostumamos a pensar que renovar é sempre bom. Mas não é. Nem tudo que é velho é ruim. Nem tudo que é novo é bom. Na verdade, tenho reparado com o passar dos meus anos que muito do que fiz de errado ou inconsequente teve um componente muito forte de inexperiência. Essa é a principal desvantagem de ser jovem. O caso é que martelaram tanto em nossas cabeças que ser jovem é muito bom, que hoje ninguém quer envelhecer, como se isso não fosse uma coisa natural e desejável até. Mas o que a turma do forever young não percebe é que essa música já está velha. Esse papo de eternamente jovem já deu o que tinha que dar.

Não podemos nos esquecer que foi a juventude que apoiou o nazismo. Foi a juventude que tomou o poder na Rússia e espalhou seus erros pelo mundo. Foi a juventude que entrou nas drogas e subsidiou uma indústria da morte que até hoje produz frutos muito podres. Foi a juventude que protagonizou uma revolta total contra toda e qualquer moralidade e hoje não sabe mais se defender de si mesma. 

Foram os jovens que fizeram as revoluções, mas agora as revoluções estão trazendo um gosto de ressaca na boca de uma festa que eu tenho a impressão que cheguei no final. Já ouvi várias vezes de pessoas que sentem que têm saudade de um tempo que não viveram. Como se os anos 60 e 70 fossem o paraíso na Terra, o novo Jardim do Éden que não volta mais. Temos até certo orgulho de sermos imorais, de não sabermos latim nem música clássica, de não entendermos de filosofia e não tirarmos notas boas. Mas, velhos, não. Velhos, nunca. Isso é coisa de derrotados. "Então serão como deuses."Gn 3,5. Numa incrível inversão dos sentidos, o pecado mais mortal na atualidade é ser velho, ou seja, não ser deus. O deus atual é o "jooovem". É por isso que tem sessentão por aí saindo com mocinha de vinte e poucos, comprando carrão e gastando tudo em viagra, e achando bonito e contando vantagem. É por isso que os cabelos não ficam mais brancos, as rugas são vergonha. E isso em nome da liberdade. 

Mas, foi um velhinho cambaleante com uma cicatriz de bala no peito e uma roupa branca que levou bilhões a pedirem paz e pararem para pensar no que estavam fazendo. Daí vem outro velhinho e nos alerta, na sua lucidez espiritual, que essa escravidão é enganadora. Que relativizar tudo é uma coisa absolutamente irracional. Que não ter referenciais seguros nos deixa à deriva. 

Enfim, o maior ídolo da juventude é a juventude. O que se espera dos jovens, afinal? Que cresçam. Que se tornem adultos, conscientes, responsáveis, fortes, decididos. Eu sei que esse discurso pode parecer amargo ao nosso paladar viciado em Coca-Cola e Rede Globo. Mas amadurecer nos torna mais doces. As frutas mais doces são as mais maduras. Que possamos ser a juventude que vai restaurar a família, a busca da beleza e do bem nas artes, na cultura, no pensamento, o verdadeiro e sublime culto ao verdadeiro e único Deus. É essa a minha razão de ser, a minha luta, o meu sacrifício, a minha alegria, a minha paz, o meu testemunho. Afinal, contemplando a eternidade, não há jovens nem velhos, mas quem tem seus olhos focados no essencial da vida, ou não.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Música como uma Força Formadora do Caráter

Traduzido de: http://www.catholiceducation.org/articles/arts/al0529.htm


A Música como uma Força Formadora do Caráter

PETER KWASNIEWSKI

Ninguém que compreenda as experiências de melodia, harmonia e ritmo irá duvidar de seu valor. 

Arvo Pärt

O grande filósofo Roger Scruton observa:
"Ninguém que compreenda as experiências de melodia, harmonia e ritmo irá duvidar de seu valor. Elas não são somente a destilação de séculos de vida social: são também formas de conhecimento, que trazem a competência de atingir algo fora de nós através da música. Através de melodia, harmonia e ritmo, entramos em um mundo onde outros existem à parte de si, um mundo que é cheio de sentimento, mas também ordenado, disciplinado mas livre. É por isso que a música é uma força formadora de caráter e o declínio do gosto musical é um declínio na moral." ( A Estética da Música, 502)
Na teoria ética de Aristóteles, podemos encontrar esse princípio cardeal: "Como um homem é, assim o bem parecerá para ele." Nossa verdadeira habilidade em perceber o bem, o verdadeiro, o belo, em reconhecê-los quando os encontramos depende da formação a que nossas faculdades foram submetidas. Como um autor protestante, Frank Gaebelein, admite:
A chave para as melhores coisas na música cristã é a audição habitual da grandiosidade musical não só na escola, não só na faculdade e no Instituto Bíblico, mas na escola dominical também. Pois a música que as crianças ouvem exercita uma influência formativa do seu gosto. Nem mesmo as menores crianças podem ser seguramente alimentadas com uma dieta de lixo musical.
A maturidade espiritual do cristão está muito conectada à habituação à nobreza das finas artes. Aprender a distinguir entre a beleza e a dignidade e a feiura e banalidade é um hábito que deve ser adquirido como obedecer aos pais e ser responsável por suas ações. É um hábito tanto quanto temperança, bravura, justiça e prudência. Pensar que as crianças irão automaticamente crescer e se tornarem adultas que têm um senso do que é e do que não é apropriado, nobre e belo é tão ingênuo quanto pensar que elas irão se comportar moralmente ou orar a Deus sem disciplina ou educação religiosa.


Nosso potencial humano para a beleza é vasto. Na realidade da música, somente, considere as esplêndidas obras primas deixadas a nós por tais como Giovanni Pierluigi da Palestrina, Tomas Luis de Victoria, Johann Sebastian Bach, Georg Frideric Handel, Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven, e para chegar rápido em nosso tempo, Arvo Pärt. Exceto em alguns raros círculos, esse potencial humano é, nos dias de hoje, horrivelmente subestimado e subdesenvolvido. Os jovens americanos não são mesmo avisados do potencial artístico de suas almas, nem como produtores nem como receptores do presente da arte. Nós deveríamos estar lhes ajudando de todas as formas que pudéssemos - inclusive treinando estudantes católicos a dar o melhor de seu talento artístico para o Sagrado Sacrifício da Missa, ao menos para apreciar como a missa merece somente o melhor da nossa tradição artística.