quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Marx e as revoluções na linguagem

"Casuística inata nos homens a de mudar as coisas mudando-lhes os nomes! E achar saídas para romper com a tradição sem sair dela, sempre que um interesse direto dá o impulso suficiente para isso" (Karl Marx)

Impossível não perceber que seus discípulos aprenderam muito bem esse conceito, pois o empregam sistematicamente. Vejamos este texto do filósofo Dr. Peter Kreeft, traduzido por mim:
"Como um filósofo, a coisa que me mais me impressiona é a estratégia brilhante do movimento pelo casamento gay. Como Orwell em 1984, percebem que o campo de batalha principal é a linguagem. Se conseguirem redefinir um termo-chave como "casamento", eles vencem. Controle a linguagem e controlará o pensamento; controle o pensamento e controlará a ação; controle a ação e controlará o mundo. Mussolini sabia disso também. Ele tornou ilegal para os italianos dizer "olá" da maneira tradicional. O uso italiano para "como vai você?" é "Come sta lei?". "Lei" é um pronome feminino inclusivo. A ideologia fascista sustentava que isso não era másculo, era fraco, então você deveria dizer "Come sta lui?" a partir de então. "Lui" é o pronome masculino. Então ninguém poderia dizer "olá" na Itália sem se identificar como pró ou antifascista.
Na América, feministas venceram exatamente da mesma maneira. Rotularam a linguagem inclusiva, a linguagem de todos os grandes livros da civilização ocidental escritos em inglês, como exclusiva, pois usavam "he" e "man" para incluir as mulheres; e estabeleceram sua nova artificial invenção ideológica, que insiste, contrária aos fatos históricos, que "he" e "man" excluem as mulheres - rotulando esta nova linguagem de "inclusiva". Surpreendentemente, quase todos seguiram como ovelhas! Então será fácil, eu penso, para eles, redefinir casamento. Diabos, eles já redefiniram "seres humanos" ou "pessoas" de maneira que possam assassinar os menores seres assim que quiserem. Por que sentiriam alguma culpa sendo desonestos se não sentem nenhuma culpa cometendo assassinatos?
Eu penso que você encontrará que há uma esmagadoramente forte conexão entre essas três agendas: casamento gay, feminismo e aborto. E o que todas elas têm em comum é a atitude perante a linguagem: é o que o filme de propaganda mais poderoso e insidioso do mundo chamou de "o triunfo da vontade". No Canadá já é crime, punido com multa ou mesmo prisão, falar publicamente contra a homossexualidade. Ideias politicamente incorretas, como a moralidade Bíblica, são agora definidos como "discurso de ódio".
Uma das coisas que eu temo disso é um feio retrocesso contra os homossexuais. Se a verdade agora é o que queremos, de forma que não há o que possa impedir a sociedade de hoje de redefinir o casamento, então nada poderá impedi-la, no futuro, de redefinir a dignidade pessoal e os direitos para torná-los contra os homossexuais. Os nazistas fizeram exatamente isso. A Igreja é a melhor amiga dos homossexuais, pois diz a eles que são feitos à imagem de Deus e têm uma dignidade e direitos intrínsecos, sendo chamados a ser santos, e porque é a única força social restante que insiste em uma moral absoluta - então quando eles pecam contra si mesmos ela diz NÃO, da mesma maneira que faz com os heterossexuais que pecam contra si mesmos sexualmente, mas quando outros pecam contra eles ela também diz NÃO. Ninguém mais quer dizer NÃO. Ela fala para todos, inclusive homossexuais."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ecce homo

Quando, no meu último texto sobre família, eu disse que me opunha às filosofias que pregam uma determinação do homem por ele mesmo, talvez poderia ter me expresso melhor pela palavra ideologia. Alguns exemplos seriam a eugenia, que influenciou fortemente o racismo e o nazismo, culminando no holocausto; o comunismo, que pretendia implantar o paraíso aqui na terra através da luta de classes e semeou o ódio pelo mundo matando milhões de pessoas; a ideologia de ausência de gênero, que acredita que não há identidade sexual predeterminada, mas que o sexo seria totalmente influenciado pelo meio, dentre outras. Toda vez que se negligencia algum aspecto da natureza humana e se tenta redefinir o ser humano por algo que ele não é, abre-se o caminho para as tragédias. Para mostrar que não me oponho à boa prática científica, antes a incentivo como meio para desfazer preconceitos, chamo à palavra um especialista em genética. Vamos ver como as coisas são.



Só não concordo com a última parte, onde ele comenta sobre a teoria da evolução e apresenta o argumento da maioria. Quando Galileu, Copérnico, Newton, Fourier e tantos outros propuseram suas teorias elas não foram bem recebidas pela maioria das pessoas em suas épocas, mas terminaram sendo aceitas por sua comprovada correspondência à realidade. Aliás, por maioria de votos já crucificaram e jogaram aos leões pessoas inocentes. Mas, isso já é outro assunto. Em resumo, existem evidências científicas que mostram tanto uma predisposição genética ou hormonal quanto fatores externos (sociais, culturais, psicológicos) que influenciam - mas não determinam - o comportamento sexual dos indivíduos. Quer dizer, cada um é um e dividir o mundo em heteros de um lado e homos de outro já uma enorme simplificação.

Com isso em mente, vemos que a discussão sobre a redefinição de casamento para incluir relacionamentos homossexuais pode ser acompanhada de desejos muito bons - a busca da felicidade e da justiça -, enquanto a oposição a essa redefinição pode ser motivada por sentimentos de medo ou ódio aos homossexuais. Contudo, a questão deve ser avaliada em seus próprios méritos e não pelos sentimentos das pessoas. Vamos fazer um exercício, neste momento, de não entrar em juízos morais ou religiosos acerca do comportamento de ninguém, apenas analisando as coisas objetivamente.

É verdade que podemos mudar de ideias e mudar as definições das coisas. Algumas redefinições são possíveis. Por exemplo, podemos criminalizar alguns comportamentos e depois descriminalizá-los. O adultério já foi crime, o homossexualismo também. Porém, algumas redefinições não são possíveis. Chamar quadrados de triângulos não os transforma em triângulos. Chamar cachorros de gatos não os fará miar. Dizer a um homossexual que ele não o deve ser não vai mudar nada, assim como chamar dois indivíduos do mesmo gênero de casal não os fará um casal. Isso não depende se são bons ou ruins, se suas intenções são boas, do que sentem um pelo outro, mas do que são, da sua natureza, da sua essência. As palavras que usamos estão ligadas a determinados conceitos. Se mudarmos a palavra, a coisa continuará sendo o que é e ninguém vai entender mais nada da conversa (infelizmente, é o que estamos percebendo em algumas situações: tem gente se aproveitando para gerar mais confusão e ganhar no grito). Se pensarmos que não há naturezas nem essências, seguiremos a filosofia do nominalismo e terminaremos completamente céticos sobre tudo.

Sabemos que a natureza do homem comporta um corpo físico que lhe foi dado, com algumas características predeterminadas, conforme vimos no vídeo. Não há escolha aqui, ninguém escolhe nascer com o corpo que recebeu. Todos temos também uma dimensão sentimental, que também é passiva. Nossos sentimentos ocorrem independente de nossa vontade. São muitas vezes influenciados pelo corpo físico através de sensações, hormônios, etc. Sentimos felicidade, raiva, atração, repulsa, medo, ansiedade, uma infinidade de coisas que nos vêm sem que tenhamos como escolher. Não posso escolher gostar de alguém, pois gostar é um sentimento. Às vezes temos desejos bem indesejáveis! A terceira dimensão é a mente, racional, que é capaz de receber as informações provenientes dos sentidos, processá-las e atribuir significados. Na racionalidade é que reside o poder de tomar decisões, de fazer escolhas, de fazer juízos. Quando a razão consegue controlar as atitudes que tomamos, a isso chamamos virtude. Estão esquecendo de ensinar isso para as crianças! Na verdade, existem vários modelos que explicam a natureza humana. Esse é bem simples,  auto-evidente e facilmente observável, o suficiente para desenvolver nosso raciocínio aqui.

A consciência é o último reduto da liberdade. Podem te prender e torturar, mas ninguém pode controlar o seu pensamento, a menos que você permita, ou seja enganado. Quando, ao contrário, são os sentimentos que controlam as atitudes, sem nenhum tipo de racionalidade, é como se o cachorro te levasse para passear e não o contrário. Você se torna escravo do seu lado animal. 

Considerando dessa forma a natureza humana, não posso concordar com a criminalização do que estão chamando de homofobia. Não com essa definição. Podemos aprender a controlar atitudes - mesmo que essa capacidade não seja absoluta -, mas nunca sentimentos. Não posso cometer um crime sobre uma coisa sobre a qual não tenho controle. Isso gerará mais sentimentos ruins, mais estranhamento, mais ódio. Tentar obrigar uma pessoa a ter sentimentos que não tem é como tentar obrigar um homossexual a deixar de sê-lo. Mais uma vez, não podemos redefinir a natureza humana. Não se cria afeto por decreto.

Podemos perceber, também, nas discussões, que é natural querer demonizar as pessoas que têm opiniões contrárias à sua. É natural confundir oposição com ódio. É natural se sentir ofendido. É natural querer ofender, falando o que pensa sem pensar no que fala. É natural ter preconceitos. Mas, porque é natural não quer dizer que seja bom, nem desejável. Isso tudo se vence usando a inteligência, exercitando as virtudes.

Vamos supor, portanto, para sermos científicos, que existem algumas coisas que são descobertas, e não inventadas. Já observamos como as pessoas são. O bom andamento da discussão depende de uma coisa só: se o casamento e a família são uma invenção humana, portanto passível de redefinições, ou se têm uma natureza própria que deve ser descoberta pela razão. É imperativo escolher um dos dois, pois são pensamentos contraditórios entre si. Ou então, lave suas mãos.


PS: Ecce Homo, "Eis o homem", são as palavras, em latim, que Pôncio Pilatos disse ao apresentar Jesus Cristo aos judeus.

PPS: Se você se interessar pela resposta católica a um homossexual, recomendo este vídeo.

O vírus mais letal do século XXI

Vírus de computador são programas maléficos que se instalam de maneira despercebida nas máquinas e começam a dar instruções contra a vontade do usuário. Seu poder de destruição é tão maior quanto mais conseguirem se passar por programas normais e inofensivos. São a versão high-tech da velha história do cavalo-de-troia, que aparenta ser uma coisa no mínimo inofensiva para te causar um mal.

O vírus da AIDS, esse um vírus biológico, no sentido normal do termo, é muito letal por confundir as defesas do organismo, de forma que as células não reconhecem a doença que lhes faz mal. O câncer é uma doença em que células malignas roubam nutrientes do corpo saudável e não são combatidas como mal, mas esse mal, na verdade, não é um invasor externo, mas uma desordem interna.

Metáforas para um fenômeno que certamente ocorre, mas muitos não tomam consciência. Não tomam consciência porque esse é exatamente o problema. O último reduto da liberdade é a consciência individual. A última estratégia para escravizar alguém seria justamente a rendição, sem resistências, da consciência das pessoas. Um vírus, uma AIDS, um câncer, não no seu cérebro físico, mas nos seus pensamentos abstratos. 

Pare para pensar em quantas vezes repetiu determinada coisa sem examinar se realmente concorda com o que diz. Rotinas mentais condicionadas na sua mente, reproduzindo frases prontas, disseminando a desinformação como autômatos globalizados e informatizados. Não é preciso fazer robôs para dominar o mundo. Basta dominar as consciências sob uma falsa aparência de liberdade. 

A imbecilização do homem, de um povo, de uma nação, do mundo. O controle dos meios de cultura, de educação, da informação, da mídia, das palavras, do vocabulário, do pensamento, da religião. Não é preciso argumentar nem convencer, basta modificar os significados. Um belo dia as pessoas acordarão de manhã e a língua subitamente expressará outras coisas, as palavras serão tomadas do seu sentido, numa reforma semântica muito bem disfarçada. A revolução atingirá o mais íntimo do ser. Sem resistências, as pessoas serão forçadas a pensar o que não querem, sem perceberem. Tomarão, sem se dar conta, o certo pelo errado, o sim pelo não, a liberdade por escravidão, o justo pelo injusto, a humildade por soberba, o bonito pelo feio, a virtude pela queda, a vítima por culpado. 

"E de repente o vinho virou água e a ferida não cicatrizou, o limpo se sujou e no terceiro dia ninguém ressuscitou." (Fátima - Capital Inicial)

Será estatizado o pensamento. A ditadura do proletariado será a ditadura do relativismo. Serão feitas secretarias internacionais de controle do pensamento, especializadas em destruir paulatinamente os sentidos das palavras. Começarão pelo amor, seguido por fé, esperança, verdade, liberdade, vida, respeito, direito, casamento, família. Tudo de maneira legal, com dinheiro público, sem uma gota de sangue. O império da mentira só poderá ser comandado pelo pai da mentira, da confusão, da sedução, da morte.

As peças estão no tabuleiro, a estratégia está lançada. Joguem-se os dados. A guerra não é fria, mas silenciosa, travada na consciência de cada um. Na sua mente estão todos os exércitos do mundo. Deste e do outro. Examinemos, pois, nossas consciências. Estaremos entregando nossas almas? De que lado estamos lutando? Sim, Bento XVI renunciou ao papado. Uma enorme e inesperada renúncia. E você, que me lê, é capaz de renunciar a quê? Ou suas defesas estão fracas demais para identificar os vermes que se instalaram em seu próprio pensamento enquanto o mundo mudava e você pulava carnaval? Que antivírus devemos instalar em nossas mentes para combater esse mal que nos faz vítimas de nós mesmos?

"Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo, se perder sua alma?" Mc 8,36